DEPOIS DE LER UM TEXTO COMO ESSE, FICA DIFÍCIL NÃO REFLETIR...SERÁ QUE ESTOU FAZENDO CERTO OU ESTOU TENTANDO LUTAR COM O RIO??
E O RIO NEM SABE DA MINHA EXISTÊNCIA??
"Sempre conto a história de dois pedaços de palha que estão
se afogando em um rio caudaloso. Uma das palhas, que está disposta em diagonal
na correnteza, está tentando conter o rio, está gritando que não deixará o rio
continuar. Apesar de as águas do rio continuarem rolando e a palha ser incapaz
de controlá-las, ela continua gritando que o rio será contido: está se gabando
de que, quer ela viva ou morra, o rio será contido. Mas essa palha continua se
afogando. O rio não ouve sua voz e não sabe que a palha está lutando contra
ele. É uma palha muito pequena; o rio não sabe que ela existe, e ela não faz a
menor diferença para ele. Mas para a palha é uma questão de grande importância.
É a maior dificuldade de sua vida. Ela está se afogando, mas continua lutando,
ela chegará ao mesmo lugar que chegaria se não estivesse lutando. No entanto,
como está lutando, esse momento, esse período será de dor, de pesar, de
conflito e ansiedade.
A palha perto dela se soltou. Ela não está indo contra o
fluxo; está deitada reta, na direção em que o rio está correndo — e acredita
que está ajudando o rio a correr. O rio também não conhece a existência dessa
palha. A palha pensa que, como está levando o rio para o mar, o rio vai chegar
lá. E o rio desconhece essa ajuda.
Tudo isso não faz a menor diferença para o rio, mas para as
duas palhas trata-se de um assunto de grande importância. Aquela que está
guiando o fluxo do rio está sentindo uma imensa alegria; está dançando, repleta
de prazer. A palha que está lutando contra o rio está sofrendo muito. Sua dança
não é uma dança: é um pesadelo. Nada mais é do que uma torção de seu corpo, ela
está com problemas, está sendo derrotada; enquanto aquela que está indo com o
rio está vencendo.
Um indivíduo é incapaz de fazer qualquer coisa exceto aquilo
que seja a vontade do todo. Mas ele tem a liberdade de lutar, e lutando ele tem
a liberdade de ficar ansioso.
Sartre disse algo importante: "O homem está condenado a ser livre". O homem está
fadado, está condenado, está amaldiçoado a ser livre.
No entanto, o homem
pode usar sua liberdade de duas maneiras:
Pode usar sua
liberdade contra a vontade da existência e criar um conflito. Nesse caso
sua vida será de pesar, dor e angústia, e por fim ele será derrotado. Outro indivíduo pode fazer de sua liberdade
um objeto de entrega à existência — e sua vida será uma vida de alegria,
uma vida de dança e canção.
E qual será o resultado final? O final não será nada além de
uma vitória para ele. A palha que acredita que está ajudando o rio tem a
probabilidade de ser vitoriosa. Ela não pode ser derrotada. A palha que tenta
parar o rio certamente será derrotada. Ela não pode vencer. Então é impossível
conhecer a vontade da existência, mas certamente é possível transformar-se em
um com a existência. E se esse for o caso, então a vontade de uma pessoa
desaparecerá e apenas a vontade da existência permanecerá."
Osho, em "Guerra
e Paz Interior: Ensinamentos do Bhagavad Gita"
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