Liberdade?

"LIBERDADE É POUCO. O QUE DESEJO AINDA NÃO TEM NOME" (PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM)
Clarice Lispector





segunda-feira, 17 de abril de 2017

De vez em quando eu volto.

Olá pessoal querido.
Por aqui de novo, por nada pode-se dizer, apenas vontade de não abandonar de vez o blog...pensei em exclui-lo de vez, mas acho que não seria legal, tem muitas coisas bacanas por aqui que eu não gostaria de perder e se puder ser útil para alguém, prá que apagar, né?
Acho que nos dias de hoje são poucas as pessoas que leem blogs, os videos são muito mais chamativos e respondem a rapidez e praticidade que pedem esse nosso tempo.
Porém sou uma pessoas um pouco antiga, fiz 40 anos recentemente e ainda gosto de escrever cartas, como eu fazia quando ainda era uma adolescente e inicio da juventude.
Aqui é um pouco esse clima de carta, de me dirigir a um leitor desconhecido....esse é o grande lance, o que dá emoção ao blog.
Não sou fã de câmeras, embora eu tenha e não tenha vontade de fazer videos, por enquanto ainda prefiro aqui.
Uma coisa que há algum tempo tem ocupado boa parte do meu tempo e dos meus pensamentos é a questão do sagrado feminino e de como as mulheres hoje lidam com seus próprios corpos e como a alimentação interfere nesse processo.
Eu sempre gostei de comida saudável, embora nem sempre eu como da forma que eu gostaria e tenho uma pretensão oculta de ser parcialmente vegetariana ou ovo-lacto-vegetariana, embora eu não goste de rótulos e por isso não o use, costumo comer bem pouca carne no meu dia-a-dia, sigo páginas e sites sobre veganismo e afins, faço receitas e me sinto bem comendo dessa forma, as vezes tenho vontade de carne e não me sinto culpada por isso, acho que esse é o real motivo de não me dar rótulos, pois, sei que não vou quebra-los e assim , não me sentirei culpada.
De qualquer forma, foi lendo sobre comida saudável e como me sentir bem com meu próprio corpo que me deparei com uma questão deveras importante: a forma como lidamos atualmente com a contracepção e tudo que envolve isso: ciclo menstrual natural sendo tratado como uma situação abominável.
Eu não tenho certeza se vou conseguir expressão tudo o que sinto nesse mais ou menos um ano que venho lendo sobre o assunto e mudando minha postura e percepção sobre o tema, acho que vou postar um texto que escrevi e algumas coisas que tenho encontrado na rede.
O que tenho a dizer é que é uma rede de complexidade tão grande que fica dificil combate-la de fato - o feminismo não dará conta, o anti-feminismo não dará conta e o sagrado feminino também não dará conta.
Eu creio profundamente que para as mulheres se libertarem das amarras que as fazem se sentir impotentes diante das suas próprias escolhas e que as tomam como incapazes de fazer escolhas boas para si sem serem tutoreadas só serão efetivas quando conseguirmos tomar posse dos nossos próprios corpos e isso é um posicionamento tanto pessoal e intransferível que me empodera enquanto ser-humano consciente e consequente dos meus próprios atos e escolhas quanto um posicionamento politico, no sentido de união, de disseminação, de educação de trabalharmos sempre em prol umas das outras.
Não sei se me  fiz entender totalmente, mas para mim, menstruar passou a ser um ato de coragem, um ato sagrado e uma bandeira a ser erguida, não aceito mais que me digam "estou naqueles dias", "estou de chico" ou qualquer outra coisa, eufemismos desnecessários.
Eu menstruo e quero que continue assim.
Me preocupo que jovens de 15 anos tomem pilula anticoncepcional a fim de parar de mesntruar sem saber os maleficios que trazem; me preocupo que não conheçam outras formas seguras de contracepção e que não responsabilizem seus parceiros por isso e a fim de evitar doenças.
Me preocupo que a estética e o fim das pequenas cólicas possa ser mais importante que ter seu humor controlado, saber como seu corpo se comporta, ter uma vida sexual saudável...
Me preocupa que os saberes antigos estejam sendo deixados de lado em prol de medicamentos artificiais, me preocupa que essa sabedoria seja extinta se não for repassada, se não for distribuida graciosamente como chegou até mim.
Me preocupa como viverão minhas alunas e minha filha quando tiverem minha idade se não receberem informações corretas e que as façam se sentirem seguras em relação a essas questões tão intimas e ao mesmo tempo tão gerais de todas nós.
Enfim, por esses tempos, esse será o tema, ciclos femininos....lua, sagrado....sangue bom.


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