DEPOIS DE LER UM TEXTO COMO ESSE, FICA DIFÍCIL NÃO REFLETIR...SERÁ QUE ESTOU FAZENDO CERTO OU ESTOU TENTANDO LUTAR COM O RIO??
E O RIO NEM SABE DA MINHA EXISTÊNCIA??
A palha perto dela se soltou. Ela não está indo contra o
fluxo; está deitada reta, na direção em que o rio está correndo — e acredita
que está ajudando o rio a correr. O rio também não conhece a existência dessa
palha. A palha pensa que, como está levando o rio para o mar, o rio vai chegar
lá. E o rio desconhece essa ajuda.
Tudo isso não faz a menor diferença para o rio, mas para as
duas palhas trata-se de um assunto de grande importância. Aquela que está
guiando o fluxo do rio está sentindo uma imensa alegria; está dançando, repleta
de prazer. A palha que está lutando contra o rio está sofrendo muito. Sua dança
não é uma dança: é um pesadelo. Nada mais é do que uma torção de seu corpo, ela
está com problemas, está sendo derrotada; enquanto aquela que está indo com o
rio está vencendo.
Um indivíduo é incapaz de fazer qualquer coisa exceto aquilo
que seja a vontade do todo. Mas ele tem a liberdade de lutar, e lutando ele tem
a liberdade de ficar ansioso.
Sartre disse algo importante: "O homem está condenado a ser livre". O homem está
fadado, está condenado, está amaldiçoado a ser livre.
No entanto, o homem
pode usar sua liberdade de duas maneiras:
Pode usar sua
liberdade contra a vontade da existência e criar um conflito. Nesse caso
sua vida será de pesar, dor e angústia, e por fim ele será derrotado. Outro indivíduo pode fazer de sua liberdade
um objeto de entrega à existência — e sua vida será uma vida de alegria,
uma vida de dança e canção.
E qual será o resultado final? O final não será nada além de
uma vitória para ele. A palha que acredita que está ajudando o rio tem a
probabilidade de ser vitoriosa. Ela não pode ser derrotada. A palha que tenta
parar o rio certamente será derrotada. Ela não pode vencer. Então é impossível
conhecer a vontade da existência, mas certamente é possível transformar-se em
um com a existência. E se esse for o caso, então a vontade de uma pessoa
desaparecerá e apenas a vontade da existência permanecerá."
Osho, em "Guerra
e Paz Interior: Ensinamentos do Bhagavad Gita"